De acordo com Beatriz Rey, da Revista Educação, as notícias sobre a baixa qualidade da educação no Brasil são recorrentes nos jornais desde a década de 1990, quando começaram a ser implantados sistemas de avaliação em larga escala para aferição da aprendizagem. As informações trazidas por conta destas avaliações trouxeram como resultado opiniões de pesquisadores e representantes do poder público que se repetem com frequência: a má qualidade da educação se dá por conta de problemas na formação do professor, baixos salários, infraestrutura precária, violência em sala de aula, entre outros.
Entretanto, Beatriz arrisca dizer que parte dessa baixa qualidade tem relação com os jornalistas que atuam na área da educação no Brasil. Segundo ela, a cobertura jornalística estaciona o debate sobre políticas educacionais, sem sair do óbvio. Isso faz com que a discussão sobre o tema seja rasa e não colocada no patamar de importância que deveria ter dentro de um jornal, prejudicando a formação crítica da população que consome essa informação.
Mesmo considerando alguns problemas estruturais, como a redução do espaço nos jornais para coberturas em educação, talvez valha a pena ponderar e repensar o jornalismo educacional: como jornalistas, devemos manter a informação dentro de um seguro, mas insuficiente grau de análise, ou podemos usar nossa voz e nossos meios para proporcionar a reflexão a respeito de um dos pilares do país, tão prejudicado atualmente, uma vez que somos mediadores da notícia?
“[...] o homem comum não se informa mais pelos relatos da praça, mas sim pelo que os mediadores do novo espaço público trazem até ele. Daí a nossa responsabilidade”. (PENA, 2010)
Percebemos que a cobertura jornalística sobre editorias como esta apresenta um retrato parcial focado em problemáticas que apontam um culpado. No caso, o professor e o próprio aluno recebem esta culpa pelo desenvolvimento da educação, e, muitas vezes, o jornalismo deixa de lado a responsabilidade das políticas educacionais do estado.
O Jornalismo Educacional é uma vertente que especializa a profissão jornalística em fatos relacionados ao ensino, à vida escolar e à vida universitária. É papel do jornalista traduzir os acontecimentos de maneira ampla, sem culpabilizar, mas sim responsabilizar, e só depois de investigar o universo em que trabalha e ouvir fontes que talvez não sejam as mais óbvias, mas que podem contribuir trazendo uma nova visão sobre a qualidade da educação no Brasil. Vale a reflexão!
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