Dia 19 de Março é Dia de São José, santo que dá nome à cidade de São José dos Campos. Para esse feriado, propomos uma reflexão: como é ser comunicador na cidade?
Para pensar mais sobre isso, conversamos com quatro comunicadores de diferentes vivências. Acompanhe!
Foto: Matheus Carlos @mattcarlosbr
Paula Maria Prado - Editora de cultura do Jornal O Vale
Apesar de ser joseense, cheguei ao mercado daqui muitos anos depois de formada. Fui embora fazer faculdade - sou formada pela Unesp, campus Bauru. Ser comunicadora em São José dos campos é interessante. Uma jornada prazerosa, ainda que árdua em muitos momentos.
São José é uma cidade interessada. Uma boa informação à vista e uma dose de boa vontade fazem verão. As pessoas querem saber o que ocorre na cidade delas, no bairro delas, na rua delas. O formato (vídeo, foto, blog e etc) é de cada um. Mas se você tem uma informação boa nas mãos e sabe transmiti-la, já é meio caminho andado. Também vejo que a cidade está ainda aberta a assessorias. É uma cultura que se instalou, sim, com empresas que estão também em outros mercado além do Vale do Paraíba, mas que o pequeno e médio empresário daqui ainda não a tem. Muita gente ainda não entendeu que precisa de um profissional de comunicação para fazer a sua marca chegar onde ela tem de chegar de forma clara, precisa e interessante. Então eis um mercado a ser explorado com paciência, competência e saliva.
Quanto às dificuldades da cidade, para quem ainda vive o sonho da CLT... A chance de se frustrar é imensa. Não só São José, mas o Vale do Paraíba como um todo é um universo fechado. Quem está no circuito, está empregado CLT/PJ ou está freelando aqui e ali. Quem não está nesse circuito, de pronto, sofrerá para entrar, se entrar!
Eu sempre soube que por ser mulher, pertencente a uma família de negros, de classe média baixa, sem parentes comunicadores ou bem relacionados nesse meio... eu teria de ser "excepcional". Isso era algo dito em casa cotidianamente, então carrego isso comigo. O que isso significa: eu tinha que ter uma formação respeitada, uma experiência honesta e completa no mercado de trabalho (currículo bom), estudar constantemente, fazer network o tempo todo, buscar furos (ainda que, hoje, em cultura) e, enfim, abraçar tudo isso como missão, de forma a garantir o meu espaço dentro da área.
Então, claro, vivi, ao longo de todos esses anos de carreira, situações de completa injustiça numa Redação, de alguém duvidar da minha capacidade como jornalista, casos de assédio sexual e moral... Essas coisas horríveis que acontecem em qualquer área. Mas digo que a minha melhor resposta a tudo isso foi (e sempre será) - além do sonoro "não", obrigatório! -, muito trabalho, muito estudo e a cabeça segue erguida com a plena consciência de ter chegado até aqui pela escada, sim, mas com muito respeito ao jornalismo que defendo, aos meus mestres, aos meus familiares e, principalmente, a mim mesma, ao meu corpo, aos meus valores e a minha voz.
Marcelo Rodrigues - produtor na TV Vanguarda
Pode soar estranho, mas aprendi na prática que o principal desafio do bom comunicador é saber ouvir. Não só quem fala com a gente, mas também ouvir a região, prestar atenção no detalhe, no curioso.
O Vale é um celeiro de gente boa e de boas histórias e poder conta-las é o que me move. Acho que está aí a dificuldade e a oportunidade: se manter atento. Tem um mundo lindo do outro lado da janela. Pode prestar atenção que você vai ver!
Gabriel Dantas - Assessor de Imprensa do time de futebol feminino de São José
Acho que a maior dificuldade em ser comunicador em São José dos Campos, por incrível que pareça, e pode até parecer redundante, é a questão da comunicação mesmo! Porque cada veículo e cada serviço tem sua forma de comunicar e a gente precisa se adaptar.
Trabalhando em São José eu tive que aprender a comunicar para internet, televisão, assessoria de imprensa, sempre tomando muito cuidado com o conteúdo. Acho importante saber construir o nosso nome aqui. Pedir os créditos do seu material, construir a sua identidade, e essa é a maior dificuldade. São José é uma cidade que permite para o comunicador oportunidades de trabalhar uma comunicação mais flexível em blogs, canais no youtube e plataformas online. Essa é uma vantagem que temos por aqui!
Viviane Meccatti, publicitária e gerente de Customer Success na Quero Educação
Eu já passei por muitas agências em São José dos Campos e percebi que todas elas faltam com uma gestão eficaz. Acho que ser comunicadora aqui é bem difícil, porque o serviço ainda é pouco valorizado.
Aqui acontece muito aquilo de "Ah, meu sobrinho faz", e isso acaba banalizando o nosso serviço. Acho que acontece muito por conta da cultura da cidade.
Por outro lado, eu costumo enxergar essas dificuldades também como oportunidades. Porque a partir das carências em comunicação que temos na cidade, surgem ideias de criar serviços que supram essas necessidades.
Ficou claro que comunicar em São José dos Campos é uma experiência prazerosa e árdua ao mesmo tempo. Ainda que seja necessário fazermos recortes de gênero ao abordarmos esse assunto, segundo nossos jornalistas entrevistados, a cidade oferece acolhimento e oportunidade para quem sabe ir atrás disso. Então, fica o recado: comunicador precisa fazer jus ao título e não ficar parado!
Não é um momento fácil para a nossa profissão, mas muitas vezes, são nos momentos difíceis que a gente encontra chances de inovar e criar.
Você é comunicador em São José dos Campos? Conta pra gente a sua experiência! Quais as suas maiores dificuldades?
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